Frank Ankersmit – A metamorfose do historicismo – Jon Menezes

Frank Ankersmit – A metamorfose do historicismo

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Frank Ankersmit é relativamente pouco conhecido no Brasil, mas em outros países da América Latina, em toda a Europa e nos Estados Unidos ele é uma referência na área de teoria e filosofia da história. “Chegou” no Brasil através da, e graças à, repercussão de seus escritos pós-modernistas da década de 1980, traduzidos e publicados na revista Topoi em 2001. Este livro se propõe a dar um passo além e a propor uma biografia intelectual de Ankersmit também a partir de outros embates, giros temáticos e conceitos por ele apresentados, desde a publicação de sua primeira obra, em 1983, até escritos mais recentes. Desse modo, o autor decidiu olhar para esse autor e sua obra desde a perspectiva da metamorfose. Partiu da compreensão de que a tradição historicista alemã é um elemento comum, um cantus firmus, que permeia sua obra toda, o que se nota pelo desejo de Ankersmit por encontrá-lo em lugares onde ele normalmente não é visto; de traduzi-lo para diferentes idiomas conceituais, como o da filosofia da linguagem contemporânea; de fazer combinações improváveis, e, assim, de reabilitá-lo do aparente ostracismo em que foi colocado na teoria da história e na historiografia.

Jonathan Menezes é um autor paranaense, radicado em Londrina-PR, casado com Cibele, com quem tem dois filhos: Cauã e Breno. Seus escritos transitam entre suas duas áreas de formação: história e teologia. É Bacharel e Mestre em História pela UEL; Doutor em História pela UNESP/Assis-SP; Bacharel em Teologia pela FTSA, Londrina-PR, onde atua como docente desde o ano de 2006. É autor de outros três livros, autor de capítulos em obras coletivas, e autor de artigos científicos publicados em diferentes revistas no Brasil e no exterior. Pela Engenho das Letras, participa como coautor do livro Entre a vida e a morte: o que colhemos no caminho? (2021).

A leitura do livro Frank Ankersmit: a metamorfose do historicismo arremessa o leitor no meio do tráfego intenso e vertiginoso da Teoria da História em seu estado presente. O microcosmo que o livro explora a partir do pensamento de Ankersmit permite aos especialistas e estudantes sintonizar-se com recentes balanços do cenário atual da teoria da história. Estes balanços dão conta de que o já estabelecido narrativismo formado por linhagens cruzadas (filosofia analítica, pós-estruturalismo, e teoria da literatura), desde os anos setenta e oitenta do século XX, vem se atenuando. Simultaneamente, a partir dos anos 2000, um difuso “estágio pós-narrativista” ou, de forma simplificada, “depois-do-narrativismo” torna-se perceptível. O livro de Jonathan Menezes coloca-se na vertente do narrativismo e do historicismo, dois períodos da teoria da história tidos como descontínuos. Em contraste, o emergente “depois-do-narrativismo” – dentro do qual a transformação a que Ankersmit submete o historicismo parece ambientar-se – traz de volta questões que o realismo historicista considerou anteriormente entrelaçadas com inovações teóricas que vão além do narrativismo, principalmente quanto à “experiência histórica sublime”, como novo compromisso entre experiência e representação. Em suma, pode-se dizer que Jonathan Menezes realiza para nós, seus leitores, cuidadosa raspagem do palimpsesto da teoria da história, revelando linhas e paisagens inusitadas.

Prof. Dr. Hélio Rebello Cardoso Jr.
Livre Docente do Departamento de História, UNESP, Campus de Assis-SP